26 dezembro, 2009

quarenta e nove


O banco para me pôr mais alto, os meus oito anos e o pés descalços em cima de mais uma pilha de livros. O banco e meia dúzia de livros, o tamanho que tenho hoje. A arrumar o quarto que tenho hoje e as saudades que faço por ter para me lembrar de ti. Mais um ano e outro, e outro. Tenho quase o meu tamanho e a minha idade, quase nunca estive tão bem. Os meus oito anos na altura e as minhas saudades de hoje. É quase ano novo e a casa cheia, faltam dez segundos e o copo quase cheio, as doze passas mal contadas deixadas na mesa. É ano novo. Abraços e beijos de uma vez, as dozes passas sem pedir desejo nenhum, o copo bebido de uma vez. Tinha oito anos, tinha os pés descalços em cima de uma pilha de livros, em cima de um banco, a esconder uma caixa bem no fundo do armário. Hoje a pilha de livros de livros meus, hoje o banco que não chega a ser tão alto, e no fundo do armário, bem no fundo, estico-me para chegar e ver o que lá deixei. è pequena, mais do que me lembrava, mal me lembrava. Desço a pilha de livros e o banco, sento-me com a caixa nos joelhos e conto os anos que já lá vão. Os meus oito anos e as saudades que tenho, o mesmo quarto e a mesma cama da altura. É muito tempo.

"O beijo e o quase beijo,
as mãos dadas por uma
Primavera que chegue
hoje."
Bom ano!