25 janeiro, 2010

cinquenta e cinco




A porta do carro aberta, o rádio e o som de merda, "The modern age" a tocar e ponho mais alto. Puxo dum cigarro que não quero fumar, largo as mãos do volante, saio e fecho a porta. Dou a volta ao carro, abro a outra porta, para ouvir a música. Encosto-me ao carro, a sola suja da sapatilha e a tinta do mercedes de um ano qualquer. Lá vens tu. As minhas mãos nos bolsos, ajeito os óculos de sol, um beijo na testa. A guitarra no banco de trás do carro e a porta aberta, um ramo de flores que te trazia caiu ao chão. Tiro-te as malas da mão e levo-as eu. Não dissemos nada. Abro a mala do carro e atiro as malas de qualquer maneira. Prendes um gancho ao cabelo, ajeitas o teu casaco feio, sentas-te no banco da frente. Sento-me em cima da mala do carro, bato no vidro de trás para vires ter comigo. Viras as pernas para o lado, poisas os pés fora do carro,
- Que foi? Chamaste?
Pego nos óculos, deixo-os na ponta do nariz, aceno com a cabeça a dizer que sim.
- Traz-me a guitarra no caminho, está no banco de trás. Escrevi-te uma coisa.
Lá te levantas e tiras a guitarra. Encostas-te ao carro atrás, cruzas um pé por cima do outro, enterras as mãos pelos bolsos abaixo. Ouves-me de uma ponta à outra. Acabamos os dois a rir. Os três acordes que paguem a viagem, e um passo de dança como deve ser, lembras-te?

1 comentário:

Susana disse...

desculpa a invasão;)
encontrei este blog quase por acaso mas adorei a energia que está aqui presente:)