11 setembro, 2008

um

Entre os olhos, guardo um nariz torto que torce pela idade que não passa. Os lábios não os lembro e o queixo, que é meu, pouco mais me diz. É nos olhos que eu me conheço. No pescoço, onde a barba tarda em ficar, guardo um sinal, mais pequeno que o que me mora na bochecha. Entre o pulso magro, os dedos finos e o braço esquelético, sobram as pernas debilitadas de poucos passos dados entre a ida e a volta e uns ombros que carregam estrelas e livros que nunca hei-de ler para além das palavras simples. É nos olhos que me conheço, onde fico quando vou buscar ao medo o pânico e ao pânico uma história melhor.

2 comentários:

Guardião disse...

Muito bom.

Vasco disse...

Já tinha saudades dos teus textos.
De uma rotineira qualidade elevada .