16 dezembro, 2008

doze

Tu a abrires-me a cabeça e a girar o dedo mindinho, pequeno, à volta de fios. Tu a arrumares-me por dentro, a pôr coisas pequenas em caixas minúsculas com etiquetas, para saber de que sou feito.
Ontem ía jurar que abracei uma nuvem.
Não me lembro da última vez que tentei. Vi-me andar comigo, e não tentei. Não te disse ao ouvido o que tinha escrito na mão para dizer. Não sou de tentar. Mas eu ontem abracei uma nuvem, e daqui para a frente tudo são abraços mais pequenos, e tudo é sair a perder. As mãos em concha, sem nada. O que vier é meu para sempre. Hei-de tentar isto connosco, levar-nos longe sem notares que tenho as mãos dadas às tuas. Quero-te meter coisas na cabeça. Saudade, para começar. 
Não sei onde queria chegar connosco. Não podemos nunca ficar assim, de mãos dadas como eu queria. As mãos em concha, a quererem lembrar nuvens, e os meus olhos nos teus. 
Eu vou dando passos atrás. A cortar caminho pela paixão adentro, como o que é de nós e nunca foi. Tenho tanto para sermos. Eu ontem abracei uma nuvem e o abraço que quero é o teu. 
Contigo, tento. Meter-te coisas na cabeça que te lembrem de mim. E eu tenho medo e saudade. Sou feito de medo e saudade. Sou metade de uma nuvem.
Já só me ouço falar em nós e hoje soou-me bem.

3 comentários:

Guardião disse...

A maneira como algumas frases estão ligadas, esta brutal.
Está bom ;)

AF disse...

Saudade.

AF disse...

agora so tens de deixar o medo