12 novembro, 2011

setenta e quatro

Em quantos é que já vamos? Setenta e três, setenta e quatro com este, portanto. Mais uns quantos. A que dei outros nomes, coisas que baralham as contas. Já devia ter dito alguma coisa de jeito por este andar. Imagino uma plateia e uma meia dúzia de gente a bater palmas. Uma ovação de merda, eu corado, curvado a agradecer pela meia dúzia devotada nisto de me fazer parecer bem. Afinal de contas trouxe os pais à cerimónia, não é? Há que os deixar bem. Nem que seja por me fazer parecer bem agradecido. Já fumei dois cigarros há bocado, não tem jeito nenhum querer puxar do terceiro. O gesto de romântico que a coisa tinha já foi com a tosse de um velho para morrer. Agora é isto, as mãos cheiram a isto, a boca sabe a isto. Ao meu lado, reparo, um pacote de açúcar com uma das frases da Nicola, aquelas merdinhas de pôr sorriso na cara. "O amor é um universo alternativo, onde a paixão é o ar que respiras". Das duas uma: ou não faz puto de ideia do que é isto do amor, ou arranjou a pior forma de o mostrar em meia dúzia de palavras. Mas entre discutir com palhaçadas de um pacote de açúcar e frases bonitas, e dormir até amanhã chegar, vou pela segunda. Não esquecer: tenho de tentar não sonhar contigo. Isto de não estares ao meu lado quando acordo é a mãe das minhas insónias pelo resto da semana fora.