04 dezembro, 2011

setenta e nove

Eu sou mais do que isto.
Posso passar a noite inteira a
falar sozinho e não me ligares puto,
fazeres de conta que não sabes que
sou uma pilha de nervos a fazer birra
de miúdo, safo-me bem. Tempo que
tenho a mais, demais, quero guardar
para depois. Quero uma boleia, porra.
Podias parar para me fazer o jeito,
e eu sei que tens lugar para mim.
E verdade seja dita.
Que se foda se não
der. Continuamos
amigos, certo?
Rio-me tanto
a pensar nisto.
O velho do
Lobo
Antunes
dava-me
um enxerto de porrada
se me ouvisse falar.
E não haveria como me
levantar, a partir daí.
Com vocês todos, posso eu bem.
Só não sei se me aguentava com o Lobo Antunes.
Mas convosco, nem eu preciso do copo a mais para
ficar leve, nem vocês de aguentar comigo.
Continuamos amigos, certo?
Eu sou mais do que isto.
Dá-me um segundo,
um fato do meu tamanho
e sorrio até onde os lábios esticados me deixarem.
Quando tiver que me preocupar com isto, preocupo.
Por agora, aguento contigo.

Podes-me dar boleia? Se faz favor. Obrigado.

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