11 dezembro, 2011

oitenta


Juro que não era isto que queria dizer.
Aponta a arma para outro lado, miúda.
Faz pontaria para o que quiseres estoirar noutro lado da casa.
No meu quarto não. Traz a gasolina e abençoa o resto da casa,
mobília que demoraste séculos a escolher, livros que achas
que te dão pinta sem os teres lido. O poster de um David Lynch
no quarto não te faz milagre nenhum. O cd dos Smiths para ajudar
na perna mais curta da mesa de jantar, é o que é. Tens meia dúzia de
dias para inventar milagres, gostas do negócio? Meia dúzia de dias e damos uso
ao décimo quinto andar: a casa toda pela janela. Juro que me estou cagando
para a mobília que os teus papás arranjaram para nós. É isto.
Aponta a arma para outro lado, eu não me mexo. Faz um duelo disto.
Eu numa ponta, tu noutra. Costas com costas. Põe a Someone's in the Wolf a tocar.
Ou dançamos ou damos uso à arma. Deixemos a coisa rolar.
Bang Bang. Soa a bom plano, não? Fodamos a casa toda.
Mas deixemos o meu quarto intacto. É a única condição.
Dito. Shoot. Eu não me mexo.

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