Os nós cruzados, as teias de fios brancos enrolados para rasgar de vez. Não há tempo para te amar e o tempo ri de nós. Nós cruzados, como braços. Não há ninguém que quebre por lado nenhum. Dizer adeus de vez às casas que queimam, às luzes que não acendem, à saudade que nos pesa mais que há uns anos. A cabeça passa outro dia à frente e conta os que o silêncio fez por deixar atrás. Na mesa, nada. Damos braços, como nós. O meu retrato sem mim, o nosso abraço sem os meus braços lá, o meu beijo sem os meus lábios lá, tudo sem mim, sem eu lá fazer falta. Não quis dizer nada, mas eu faltava. Eu nunca lá estava. Tu sabes.
- Eu sei.
E eu conheço-te pela palma da mão, reconheço-te nas linhas, nos braços. Não estavam lá os meus ouvidos, não queria que ouvissem: Há quem me viva no peito. Moram-me lá as memórias e o tamanho dos nós, dos braços cruzados como bandeiras que se içam em terra mãe. Nunca há-de ser dia de lembrar a maneira como choras, a guardar lágrimas nas mãos em concha. Lembrar que como as de mais ninguém, as tuas mãos cabiam nas minhas. Ainda hoje hão-de caber.
1 comentário:
Boas sr Silveira,
e não é que tive a honra de ser congratulada com um comentario da sua autoria? ahah
adorei este texto! eu bem me parecia que nao ias ficar por aqui... e ainda bem!
Um beijo e um até 3a ^^*
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