26 dezembro, 2009

quarenta e sete

Desta vez fico, arranja uma cama para mim.
Um quartito chega-me, não precisa de janelas.
Não precisa de mesa nenhuma, de armário nenhum.
Não precisa de estar perto ou longe da porta,
não é preciso que lá caiba Coimbra inteira.
Mas quero estar perto uns tempos e ficar depois disso.
Vou estar à tua porta, a menos que chova, de mala na mão esquerda, o ombro a cair, e uma caixinha aberta na mão direita, um anel lá dentro.
Só precisamos de um quartito pequeno,
não precisa de janelas. Só preciso que não chova.
Às tantas passo a noite em claro a olhar-me ao espelho,
a ver-me, o casaco e os botões atados até ao cimo,
os laços enormes dos sapatos molhados nas pontas,
a caixinha aberta e o anel lá dentro.

1 comentário:

Guardião disse...

não me demorarei a comentar para não me envergonhar. (De tão bom que esta quero eu dizer)
Está mesmo... sólido.