Vamos pôr as coisas em cima de uma estante alta,
arrumamos a casa no dia em que vier um Verão com
tempo para arrumações de casa. Até aqui temo-los
gasto em cigarros e nuvens de fumo, cama e sonhos
de nós, e temo-lo feito bem quanto baste. Somamos
tudo, os dias todos, as insónias de sorriso na cara, as
insónias de costas com costas (a cama fica gigante num
instante), e dou por mim feliz numa matemática perfeita
das coisas. Devíamos mandar metade da cama fora, pela
janela, para teres de dormir no meu peito. Tenho fumado
tanto, meu amor. As minhas mãos passam dias a cheirar a
fumo, e a voz vai ficando deliberadamente rouca. Ando a
ficar estúpido de tanto tentar ser esperto em coisas de que
não sei porra nenhuma. Estúpido a pensar em mandar metade
da cama fora. Mandar metade da casa fora. Metade de tudo fora.
Para teres de dormir no meu peito.
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